Sá de Freitas
Quando eu morava num rancho pequenino,
Coberto de sapê à beira chão,
De manhãzinha um Sabiá na laranjeira,
Com a sua voz brejeira,
Me alegrava o coração.
Mas certa vez eu lhe cantei um verso triste,
E ele nunca mais voltou pra me alegrar,
Porque no choro da viola que eu tocava,
Numa voz que soluçava,
Eu disse a ele bem assim:
“Oi Sabiá, meu amigo Sabiá,
Vou deixar o meu ranchinho,
Para nunca mais voltar.
Vou me esquecer para sempre do teu canto,
E buscar um novo encanto,
Que o sertão não pode dar.”
Hoje perdido,
Entre os ruídos da cidade,
Sinto vontade
De voltar para o sertão,
Pois lá não havia crimes, nem maldade
E tampouco a falsidade,
Que maltrata o coração.
Mas...Ah! Meu Deus!
Esse sertão não mais existe,
Nem meu amigo Sabiá para cantar...
E quando penso em tudo isso fico triste
E termino esse poema,
Com vontade de chorar.
Oi Sabiá, meu amigo Sabiá,
A saudade é tão doída
E não há jeito de voltar...
Mesmo pensando
Que talvez tenhas morrido,
Vou sonhar por toda vida,
Estar ouvindo o teu cantar.
Samuel Freitas de Oliveira
Avaré-SP-Brasil
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