Sá de Freitas
Há horas já,
O sono se foi e a solidão chegou.
Abro a janela, mas não me fixo
Nas lâmpadas da rua...
Ergo os olhos para namorar as luzes no céu,
Sentindo saudade de outras noites,
Tragadas pela escuridão do tempo,
Quando eu corria atrás de vaga-lumes,
Tentando inutilmente capturá-los.
Que saudade do tempo em que eu não tinha saudade;
Quando dormia sem me preocupar com a vida;
Quando tinha pais para lhes pedir bênção
E irmãos para brincar e brigar.
Quando dormia sem me preocupar com a vida;
Quando tinha pais para lhes pedir bênção
E irmãos para brincar e brigar.
Lembro-me de quando puxei as tranças
Da menina sardenta e magricela,
Porque me mostrou a língua e me fez caretas
E por prêmios ganhei da professora duas reguadas na cabeça...
O Pedrão gordo riu por isso... Amassei-lhe o nariz,
E fiquei o recreio todo ajoelhado em grãos-de-milho.
Da menina sardenta e magricela,
Porque me mostrou a língua e me fez caretas
E por prêmios ganhei da professora duas reguadas na cabeça...
O Pedrão gordo riu por isso... Amassei-lhe o nariz,
E fiquei o recreio todo ajoelhado em grãos-de-milho.
Hoje rio de tudo,
E abraço-me às lembranças que não eram tristes...
É bom sentir saudade do menino
Que sonhava em ser adulto,
Mas que hoje deseja voltar a ser criança.
Que saudade de quando eu não tinha saudade...
Quando nem ideia eu fazia deste tempo em que estou,
Puxando as tranças da paixão,
E recebendo reguadas da desilusão.
Mas ao mesmo tempo é bênção eu ser agora visitado pelas lembranças,
Porque eu soube viver e vivo estou para tudo recordar.
Samuel Freitas de Oliveira
Avaré-SP-Brasil
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